sábado, 27 de fevereiro de 2010

Ano Sacerdotal: A Vocação do Padre Camões e a zanga com a água do regadio

Assaltos a Cemitérios: Comunicado do Clero Arciprestal



Reunido no habitual encontro mensal, no Centro Social e Paroquial de Recardães, o Clero do Arciprestado de Águeda, da Diocese de Aveiro, reflectiu e analisou a recente “onda” de assaltos a cemitérios localizados no território deste Arciprestado. Da reflexão resultou a seguinte tomada de posição:
1. Os cemitérios são espaços de jurisdição autárquica.
2. Ao mesmo tempo, são espaços onde a Igreja interage na celebração do Ritual das Exéquias e sepultura de cadáveres e, ainda, nas celebrações anuais de Fiéis Defuntos.
3. Neste sentido, para os cristãos, o cemitério é um local sagrado, apesar da sua laicização. O Ritual das Exéquias prevê, inclusivamente, a bênção das sepulturas.
4. Mesmo do ponto de vista meramente humano, os cemitérios são locais de respeito e consideração porque são lugar de repouso dos antepassados.
5. O Clero Arciprestal de Águeda, consternado e entristecido, repudia, veementemente, todos os actos de vandalismo e usurpação que vários cemitérios localizados em território arciprestal têm sido alvo.
6. Entende o Clero de Águeda que tais actos, para além criminosos, manifestam um grave desrespeito pela memória dos antepassados.
7. A crise económico-financeira que atravessamos não pode ser justificação e desculpa destes actos. Estes crimes reflectem uma certa mentalidade actual, insensível e desrespeitadora, apostada em extirpar os valores do humanismo cristão, como a dignidade humana, a fraternidade, a solidariedade e o amor.
8. Da nossa parte fica o compromisso de alertar e sensibilizar o Povo de Deus a nós confiado para um cuidado redobrado e maior cautela quanto a bens pessoais e familiares.
9. Não nos resta, desde modo, outra possibilidade que fazer votos para que as autoridades competentes tenham à sua disposição os recursos humanos e os efectivos necessários para maior vigilância destes espaços. E que a investigação destes actos criminosos leve à punição de quem os cometeu.

Centro Social e Paroquial de Recardães
25 de Fevereiro de 2010

PASTORAL DA CARIDADE NO ARCIPRESTADO DE ÁGUEDA

O Pe. Paulo Gandarinho e o Diácono Augusto Semedo são os delegados da Pastoral da Caridade no Arciprestado. Na última reunião do Clero apresentaram objectivos e estruturas deste sector fundamental da vida da Igreja. Nesta reactivação deste serviço pastoral, caberá lugar de relevo à Mobilidade Humana assim como o Apoio às IPSS.


1. OBJECTIVOS

Coordenar as diversas instâncias da pastoral sócio-caritativa a nível arciprestal, em comunhão com o Secretariado Diocesano da Pastoral Sócio-Caritativa;
Dinamizar acções de sensibilização junto das comunidades paroquiais no sentido de viverem a caridade como essência do seu agir cristão e de despertar consciências e formar mentalidades;
Potenciar os diversos meios que o Arciprestado dispõe ou venha a dispor como resposta às situações de carência social e humana e ainda de exclusão social;
Promover o espírito de gratuidade e voluntariado entre os cristãos do Arciprestado;
Procurar gerar dinâmicas de parceria entre as instituições da Igreja e fora dela no sentido da resolução dos problemas identificados;
Dinamizar acções de formação na área da pastoral sócio-caritativa para os agentes da pastoral sócio-caritativa e para os cristãos em geral.

2. ESTRUTURAS

a) SERVIÇO DA CARIDADE (Caritas, Conferências Vicentinas…)
Promover a acção sócio-caritativa como parte essencial da acção evangelizadora e celebrativa da fé;
Promover a consequente partilha de bens;
Criar, dinamizar, apoiar e acompanhar grupos paroquiais de acção sócio-caritativa;
Desenvolver as actividades e acções necessárias para o conhecimento real e actualizado das carências sociais e humanas;
Atender à fraternidade universal traduzida em prontidão de real partilha de proximidade;
Promover a formação dos agentes nesta área.

b) SERVIÇO DA PASTORAL DA SAÚDE
Sensibilizar as comunidades cristãs para a dimensão da pastoral da saúde, apoiando a criação de serviços a nível paroquial, nomeadamente de visitadores de doentes;
Promover e coordenar o voluntariado nesta área da pastoral da saúde;
Promover a ligação entre a paróquia e internados nos serviços de saúde;
Promover a formação dos agentes nesta área.

c) Analisar propostas para o Serviço da Mobilidade Humana e Apoio às IPSS

Estratégias:
- reflexão dos responsáveis por esta área e fazer propostas ao clero arciprestal;
- levantamento do que existe e dificuldades nesta área a partir do clero;
- assembleia arciprestal de agentes de pastoral na área da caridade, para Maio ou Junho, como ponto de partida para a estruturação e dinamização deste sector no arciprestado.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Clero Arciprestal dá-se a conhecer no You Tube





Os padres do Arciprestado de Águeda estão no You Tube para falar sobre a missão do padre no contexto actual da Igreja e do mundo, sobre as alegrias e dificuldades da vida sacerdotal e sobre as suas histórias pessoais. A iniciativa acontece integrada em pleno Ano Sacerdotal, proclamado pelo Papa Bento XVI, usando as novas tecnologias da informação ao serviço da evangelização e da construção da Igreja neste tempo e neste mundo.
Juntamente com os padres do Arciprestado está o Bispo da Diocese, D. António Francisco, que aceitou o desafio e cujo vídeo aqui apresentamos.
Os vídeos resultantes desta iniciativa serão colocados quer no canal do Arciprestado no You Tube e serão igualmente reproduzidos no blogue arciprestal.
Para as entrevistas aos sacerdotes de Águeda, orientadas pelo Diácono José António, seguiu-se um esquema comum, com os seguintes blocos temáticos: apresentação pessoal, vocação, vida sacerdotal e aspectos interpelantes, ano sacerdotal e mensagem aos cibernautas. Os vídeos serão colocados tendo em conta estes itens.

No canal arciprestal no You Tube já figuram alguns víedos: Festa Arciprestal do Corpo de Deus, Ordenação Diaconal, Presbiteral e Missa Nova do Padre João (natural deste Arciprestado e que aconteceu há um ano), bodas de prata sacerdotais do arcipreste, Pe. Júlio Grangeia, reportagens televisivas sobre os assaltos às Igrejas e Festas do Arciprestado com Jovens. Também a palavra de apresentação do blogue e da iniciativa do clero arciprestal se dar a conhecer no You Tube está já disponível.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Testemunho é a melhor forma de atrair novas vocações

Bento XVI está convencido de que o testemunho de padres fiéis à sua missão contribui para suscitar respostas afirmativas ao chamamento que Deus faz à vida sacerdotal e consagrada.

“A fecundidade da proposta vocacional depende primariamente da acção gratuita de Deus, mas é favorecida também – como o confirma a experiência pastoral – pela qualidade e riqueza do testemunho pessoal e comunitário de todos aqueles que já responderam ao chamamento do Senhor no ministério sacerdotal e na vida consagrada”, escreve o Papa na mensagem para o 47.º Dia Mundial de Oração pelas Vocações.

A primeira parte do documento é dedicada a uma breve resenha histórica, biblicamente sustentada, sobre a importância da coerência entre as palavras e os actos.

“Já no Antigo Testamento – recorda o texto – os profetas tinham consciência de que eram chamados a testemunhar com a sua vida aquilo que anunciavam, prontos a enfrentar mesmo a incompreensão, a rejeição, a perseguição.”

A missão de Jesus, por seu lado, comprova “o amor de Deus por todos os homens sem distinção, com especial atenção pelos últimos, os pecadores, os marginalizados, os pobres”. Ele “é a suprema Testemunha de Deus e da sua ânsia de que todos se salvem”, observa Bento XVI.

A opção dos apóstolos em deixar tudo para seguir Jesus atesta que a “iniciativa livre e gratuita de Deus cruza-se com a responsabilidade humana daqueles que acolhem o seu convite, e interpela-os para se tornarem, com o próprio testemunho, instrumentos do chamamento divino”.

Oração, oferta de vida e comunhão

O Papa destaca três aspectos da vida do padre que considera essenciais para “um testemunho sacerdotal eficaz”.

A mensagem começa por destacar a “amizade com Cristo”, que se manifesta e alimenta da oração, “primeiro testemunho que suscita vocações”. “Quem quiser ser discípulo e testemunha de Cristo deve tê-Lo ‘visto’ pessoalmente, deve tê-Lo conhecido, deve ter aprendido a amá-Lo e a permanecer com Ele, assinala a mensagem.

O segundo aspecto que deve transparecer na vida das pessoas consagradas consiste no “dom total de si mesmo a Deus”. “A história de cada vocação – indica Bento XVI – cruza-se quase sempre com o testemunho de um sacerdote que vive jubilosamente a doação de si mesmo aos irmãos por amor do Reino dos Céus”.

O sacerdote deve ser também “um homem de comunhão, aberto a todos”, ajudando a “superar divisões” e “perdoar as ofensas”.

A alegria que nasce de uma vida enraizada na oração, oferta de vida e comunhão contribui para manifestar uma esperança que vence todas as tristezas. O testemunho desta convicção poderá interpelar aqueles que se interrogam sobre o chamamento de Deus.

“Os jovens – sublinha o Papa – se virem os sacerdotes isolados e tristes, com certeza não se sentirão encorajados a seguir o seu exemplo. Levados a considerar que tal possa ser o futuro de um padre, vêem aumentar a sua hesitação.” Por isso torna-se importante mostrar “a beleza de ser sacerdote”.

Em síntese, “as vocações sacerdotais nascem do contacto com os sacerdotes, como se fossem uma espécie de património precioso comunicado com a palavra, o exemplo e a existência inteira”.

De maneira semelhante, a fidelidade e o testemunho dos religiosos, “porque se deixam conquistar por Deus renunciando a si mesmos, continuam a suscitar no ânimo de muitos jovens o desejo de, por sua vez, seguirem Cristo para sempre, de modo generoso e total”.

Fonte: Ecclesia

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Mensagem de D. António Francisco para a Quaresma


O Bispo de Aveiro lembra que a Quaresma e a Páscoa “proporcionam um tempo de caminhada espiritual para quem faz do sonho humano e do projecto cristão uma convicção de fé, uma atitude de fidelidade, um caminho de conversão"


Irmãos e Irmãs,

1. A Quaresma é tempo de salvação e de graça que marca o ritmo de vida da Igreja. Queremos viver este tempo com verdade, como um estado de espírito e de caminhada na fé que tomamos para nós e para as nossas comunidades. Nenhum de nós vive sozinho, por mais só, isolado ou abandonado que esteja. Vivemos em família, em sociedade e em Igreja decididos a construir como nos propúnhamos no primeiro dia deste ano, dia mundial da paz, um equilíbrio ecológico saudável com toda a criação. Como Igreja Diocesana, mãe e educadora da fé, comprometemo-nos nesta II.ª Etapa do Plano Diocesano de Pastoral a proporcionar momentos de formação para as comunidades no seu todo, tendo como tema: “A fé, fundamento da Esperança”. Estamos conscientes de que tudo é possível a quem crê e por isso queremos despertar para uma vida nova e testemunhar a nossa fé com alegria e verdade! A dimensão baptismal e a dimensão penitencial estarão presentes ao longo deste tempo com mais incidência e esforço, levando-nos a procurar com assiduidade a Palavra de Deus, a fortalecer a vida com o sacramento da Penitência e da Eucaristia e a mobilizar as comunidades para crescerem na maturidade da fé e no compromisso cristão. Só Cristo é fonte de água viva, luz do mundo e cura redentora que vence o pecado e ultrapassa a morte. A Quaresma e a Páscoa proporcionam um tempo de caminhada espiritual para quem faz do sonho humano e do projecto cristão uma convicção de fé, uma atitude de fidelidade, um caminho de conversão, uma experiência de revisão de vida, um encontro feliz com Deus e um louvor pascal permanente.

2. A mensagem do Santo Padre para esta Quaresma lembra-nos que “a justiça de Deus está manifestada mediante a fé em Jesus Cristo” (Rom 3, 21-22). Todos sabemos que aquilo de que a humanidade mais precisa não lhe pode ser garantido por lei. O homem necessita de um existência em plenitude que nasce da justiça de Deus, cresce na fé e é fruto precioso do mistério redentor da cruz e da Páscoa. Converter-se a Cristo e acreditar no Evangelho é caminho para esta existência de plenitude. Com Cristo, justiça de Deus, o mal já não terá domínio sobre nós, a pobreza será erradicada e a injustiça eliminada do coração humano. Só Deus levanta do pó o indigente e só Ele nos fará compreender os horizontes novos, inesperados e surpreendentes da justiça, inaugurados pela Páscoa, em que o justo é capaz de morrer pelo culpado para que o culpado receba em troca a bênção do justo. Cristo é este Justo que no mistério da cruz e da redenção se ofereceu pelos culpados. Sabemos, como nos lembra o Santo Padre, que a fé não é um facto natural, cómodo, óbvio. É preciso humildade para acreditar, coragem para confiar, perseverança para ser fiel e para descobrir que precisamos de Deus, do seu amor e da sua misericórdia. Com passos firmes e corajosos, queremos, como cristãos, caminhar na esperança, vencer a rotina, viver da fé e educar para a justiça.

3. Todos clamamos por mudança de sistemas e sentimos a complexidade, o distanciamento dos valores da vida e a morosidade da justiça humana. Não basta a existência da lei nem a sua aplicação para que sejamos resposta e amparo, segundo as bem-aventuranças, para os que têm fome e sede de justiça. A sociedade tem, no campo específico da justiça como noutros horizontes da vida, um longo caminho a percorrer. O realismo da vida social, os clamores do povo e as situações concretas de injustiças humanas dizem-nos que os cristãos são chamados, pela abertura de coração, pela verdade da fé e pela transparência da vida, a contribuir para instaurar a justiça no coração da cidade dos homens e mulheres do nosso tempo e na vida das pessoas, das famílias, das empresas e das instituições.

4. A consciência da nossa fé, a responsabilidade de cada pessoa na construção do bem comum, o conhecimento de tantos dramas pessoais e sociais, a sensibilidade diante do sofrimento humano, o espírito de partilha com os que mais precisam, lutam e sonham e a atenção a todos os que batem à nossa porta ou a muitos outros que se escondem no anonimato da sua pobreza e se vestem com a tristeza da sua miséria devem tornar-nos mais atentos e disponíveis, mais solícitos e solidários. A justiça completa-se com a caridade, fonte inesgotável de amor, de generosidade e de dom. É com este espírito de caridade cristã e de partilha solidária que vos convido, amados diocesanos, a uma generosa renúncia quaresmal, que este ano orientaremos para a Igreja de Cabo Verde e para o Fundo Diocesano de Emergência Social, criado na nossa diocese, de acordo com a decisão assumida no Plano Diocesano de Pastoral Sócio-Caritativa. A ajuda à Igreja de Cabo Verde e concretamente à paróquia de S. Miguel e ao Centro Social Paroquial do concelho da Calheta, na diocese de Santiago, empenhado na promoção feminina, no apoio a mães solteiras, na alfabetização de adultos e no Centro juvenil inscreve-se no contexto e na consolidação de um projecto anterior de voluntariado missionário, através da colaboração do nosso Colégio de Calvão e da presença e do trabalho nessa paróquia de vários membros da nossa Igreja diocesana. Este sentido dado à renúncia quaresmal não nos dispensa de continuarmos a contribuir com generosidade, através da Cáritas Diocesana, para minorar o sofrimento do povo mártir do Haiti e ajudarmos pelos caminhos da comunhão entre Igrejas a reconstruir esse País e a dotar a Igreja local das estruturas de que necessita para a sua missão. Assim como não nos impede de, particularmente neste Ano Internacional de luta contra a pobreza e exclusão social, continuarmos a trabalhar para erradicar a pobreza no nosso meio, minorando dores e provações por que passam muitos dos que vivem ao nosso lado.

5. A vivência do Ano Sacerdotal como sinal mais visível da beleza do ministério e do testemunho de fidelidade dos sacerdotes e a próxima visita do Santo Padre a Portugal sob o lema: “contigo caminhamos na Esperança” devem ajudar-nos a viver esta Quaresma e o Tempo Pascal com a consciência de sermos povo santo e sacerdotal e fermento de um mundo novo e melhor. Caminhando com o Santo Padre na fé e na esperança, acolhemos o convite que esta Quaresma nos traz para nos convertermos a Cristo, acreditarmos no Evangelho e construirmos a justiça, manifestando como pessoas, famílias e comunidades a fecundidade da cruz e a alegria da Páscoa.

Aveiro, 17 de Fevereiro de 2010

+ António Francisco dos Santos
Bispo de Aveiro

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Fraternidade presbiteral é difícil, possível e fundamental





Os trabalhos da tarde de quinta-feira da formação do Clero de Aveiro procuraram responder à questão “Será possível uma fraternidade presbiteral?”. Depois de explanar a questão da fraternidade e da unidade, e também dos seus contrários, Pe. Emilio Magaña, da Pontifícia Universidade Gregoriana respondeu positivamente: “Sim é possível a fraternidade sacerdotal, mas esta requer a graça de Deus, a nossa oração, o nosso esforço e muito trabalho”.
O jesuíta começou por assegurar que a formação humana dos sacerdotes é importante em relação aos destinatários do ministério e que aquela deve ajudar a “plasmar a personalidade de modo a não ser obstáculo a que os demais encontrem Jesus Cristo”.
Para o docente da Pontifícia Universidade Gregoriana “uma personalidade desequilibrada é obstáculo à evangelização”. Daí que seja fundamental buscar a maturidade da personalidade, que seja equilibrada, livre, forte e capaz das responsabilidades pastorais.
Baseado na exortação “Pastores dabo vobis” assentiu que “o sacerdote deve ser afável, acolhedor, sincero, prudente, discreto, generoso, disponível, capaz de suscitar relação, compreensivo, homem de perdão e consolador”.
E afirmou: “Não podemos ser construtores de comunidades se nós próprios não somos exemplo de unidade entre nós”. Neste sentido, colocou o presbitério como lugar de referência onde se vive o ministério sacerdotal e diaconal em unidade com os irmãos.
Para o orador “a vida fraterna sacerdotal mede-se pela capacidade de relação com os outros serena e confiadamente”. Assim sendo, o presbitério deve ser o lugar onde o sacerdote se realiza e se sente feliz e incorporado não apenas pelo vínculo da incardinação.
A cada sacerdote é, contudo, pedido que se reconheça como é, com limites e falhas, mas também com virtudes, dons e capacidades. Além disso, deve viver o momento presente como se fosse o último e, por fim, descobrir no que se faz a vivênvia da vocação.
Depois de ter apontado a empatia e a auto-estima como virtudes fundamentais da vida sacerdotal, elencou, ao invés, uma série de atitudes ou formas de ser sacerdotais que em nada beneficiam a construção da fraternidade presbiteral. Aqui falou dos padres que se digladiam abertamente e que não se falam e evitam-se. Referiu aqueles que se auto-elegem os vigilantes da ortodoxia da diocese e ainda dos que sabem tudo sobre todos e conhecem sempre as últimas notícias sobre os outros sacerdotes. Apontou também aqueles que se auto-determinam juízes e que têm opinião sobre tudo. Sacerdotes especialistas em negativismo, violentos, falsos e hipócritas foram outras formas de ser referenciadas por Emilio Magaña para quem com este tipo de pessoas não é possível formar qualquer tipo de comunidade e presbitério.
O docente mexicano não passou ao lado de algumas patologias nas quais os sacerdotes podem cair: narcisismo, ira e nervosismo e aborrecimento. Estas formas de viver o ministério sacerdotal, segundo o orador, mais cedo ou mais tarde, conduzirão à depressão e à frustração da pessoa.
O último ponto da comunicação foi dedicado ao Magistério da Igreja particularmente naquilo que ele diz sobre a fraternidade sacerdotal. “Lumen Gentium” e “Presbyterorum Ordinis” foram os dois documentos base que serviram à reflexão do jesuíta. Antes de terminar deixou quatro pontos imprescindíveis para se poder criar comunhão: aceitação dos outros: respeito, compreensão e estima; sentir com o presbiterado e, finalmente, trato próximo e cordial.

Diácono José António Carneiro

Formação Espiritual é centro vital da vida dos sacerdotes




Pe. Emilio Magaña orientou trabalhos do dia e encerra jornadas sexta-feira

O Pe. Emilio Magaña, da Pontifícia Universidade Gregoriana, foi convidado para o terceiro dia das jornadas de formação do Clero de Aveiro. O sacerdote jesuíta, de origem mexicana, abordou de manhã a “Formação Espiritual dos Presbíteros” e, de tarde, procurou responder à questão “Será possível uma fraternidade presbiteral?“. Para o último dia das jornadas, sexta-feira, o mesmo orador foi desafiado a falar sobre as “Linhas de força da formação ao presbiterado”.
Sobre a formação espiritual, o jesuíta defendeu que esta é o “centro vital da vida dos sacerdotes” e que “não termina com a formação inicial, senão com a morte”. Esta formação deve conduzir o padre a ser um “alter-Christus” sendo que a formação humana é base da formação espiritual.
Na Carta aos Gálatas (4, 19-20), o Pe. Emilio foi buscar a definição da formação espiritual: é a conformação com Cristo e, por isso, constitui o centro vital do sacerdote.
O orador apontou ainda uma “crise de identidade sacerdotal” e destacou que “a identidade está naquilo que somos e não naquilo que fazemos e que somos chamados a ser”, ou seja, sacerdotes.
Para além da necessidade de a formação espiritual dar tempo privilegiado de discernimento, de enamoramento e de descoberta de Cristo, ela deve também combater um certo individualismo muitas vezes vivido pelos sacerdotes.
O jesuíta finalizou a primeira intervenção, das três que foi convidado fazer, anotando os aspectos ou caminhos a que a formação espiritual deve levar: “acercar-se da dor dos irmãos, assumir um estilo de vida ascética, ter disciplina de vida, discernir a forma de ser e, pró fim, caridade pastora”.
No debate da manhã, o Pe. Magaña aflorou ainda algumas questões levantadas pelos ouvintes como o sacerdócio de Cristo, a formação espiritual dos seminários e a formação espiritual na vida sacerdotal, a crise vocacional, o equilíbrio desejado pela formação espiritual e o uso moderado e racional das novas tecnologias da informação.


Diácono José António Carneiro
fotos pe. júlio

Borralha festevou 27.º da Paróquia




A Paróquia da Borralha festejou hoje o 27.º aniversário da Paróquia. No final da Missa, na igreja paroquial, procedeu-se, no centro pastoral paroquial, ao cântico dos parabéns, seguido de bolo de aniversário regado por um champagne.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Clero de Aveiro alertado para a necessidade de formação




Jornadas em Albergaria congregam meia centena de padres e diáconos

O segundo dia da formação do Clero de Aveiro arrancou com uma comunicação sobre a Formação Permanente dos Presbíteros, a partir do pensamento de Amadeo Cencini. O cónego António Jorge, da diocese de Viseu, foi o orador convidado e apresentou em traços largos as linhas mestras de Cencini – sacerdote italiano que esteve presente no último Simpósio do Clero de Portugal – sobre a formação permanente.
António Jorge reforçou as ideias daquele italiano que usa a metáfora da respiração humana para falar da formação permanente. “A Formação Permanente é como a respiração humana ainda que com arritmias e intermitências”, frisou. De seguida, lançou os pressupostos dessa mesma formação permanente a partir do que defende Cencini: renovação da consagração; novo modo de formar candidatos; colocação no centro da formação sacerdotal a formação permanente e, por fim, renovação da própria ideia de formação.
Para o sacerdote viseense, a formação permanente é uma longa parábola inacabada, é crescimento contínuo para Cristo que deve ser pensada antes sequer da formação inicial dos candidatos ao sacerdócio. “A formação permanente não pode ser mera reciclagem intelectual e deve ser tida em consideração logo no início da caminhada de discernimento vocacional no Seminário”, apontou. E prosseguiu: “Não podemos no Seminário continuar a formar ‘padres para este tempo’ uma vez que quando chegar a hora do exercício pastoral esse tempo já passou”, afirmou o sacerdote, ressalvando, deste modo, a importância da formação permanente.
O Pe. António Jorge referiu ainda a “docibilitas” como a ideia central do pensamento de Cencini. E deixou a definição da palavra latina: “Pleno envolvimento activo e responsável da pessoa no processo educativo e formativo”. Para o conferencista esta “docibilitas” deve começar a ser ensinada nos Seminários.
No diálogo sequente à comunicação, António Jorge ressalvou a necessidade de um maior acompanhamento aos sacerdotes por parte quer do bispo que do próprio presbitério. Vincou, por fim, a necessidade de se perceber a formação permanente como “respiro da vida”, tendo a percepção de que tudo o que se faz no dia-a-dia se engloba e envolve nesse mesmo processo de formação permanente que leva ao crescimento e a uma maior conformação com Cristo Bom Pastor.
NB: por motivos pastorais não estive presente de tarde e como tal não posso deixar informações sobre a comunicação de D. Carlos Azevedo

Diácono José António Carneiro
fotos do padre Júlio disponíveis

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Clero de Aveiro em formação



“Ano Sacerdotal: do Mistério ao Ministério”

Arrancou a Semana da Formação do Clero de Aveiro que decorre até sexta-feira, na Casa Diocesana de Albergaria-a-Velha. “Ano Sacerdotal: do Mistério ao Ministério” é o tema escolhido para esta acção de formação que congrega bispos, padres e diáconos da Diocese de Aveiro.

Na palavra de abertura, depois da oração de Laudes, D. António Francisco lançou o mote para os trabalhos. Deixou uma primeira palavra de estímulo aos presentes, assentindo que a formação deverá servir para “reavivar o dom que há em cada um”, ainda na linha do Simpósio do Clero de Portugal que decorreu em Setembro de 2009, em Fátima.

De seguida, deixou uma mensagem de comunhão com todos os presentes a quem pediu que, com fidelidade, amem a Igreja como Mãe e Mestra.

Vocações sacerdotais, religiosas e consagradas e formação permanente do clero foram tidas em consideração pelo prelado que recordou os quatro pilares da formação permanente: «intimidade com Cristo, relação com os outros, responsabilidade para com o dom recebido e continuidade no tempo».

Novos tempos exigem mudanças no padre

A primeira comunicação dos trabalhos pertenceu a D. António Marcelimo que abordou o badalado tema “Padres para este tempo”. Depois de anotar algumas características do tempo actual, o bispo emérito de Aveiro afirmou que o padre de hoje deve manifestar particular atenção à frenética mudança cultural que o mundo assiste, salientando que «novos tempos exigem mudanças dentro de cada um».

«Ao servidor compete adaptar-se às necessidades e exigências daqueles a quem serve», garantiu D. Marcelino, sustentando que essas mudanças e adaptações devem «partir sempre do interior de cada pessoa».

Aliás, «a Igreja ao longo dos tempos tem sido um contínuo adaptar-se para melhor servir». O prelado apontou que os maiores desafios da Igreja actual são a «indiferença religiosa» e o «laicismo militante».

Falando a um presbitério bem conhecido, D. António Marcelino pediu que a Igreja não pactue com uma «pastoral da manutenção». Para combater esta tendência exortou a que a acção pastoral vá ao encontro dos problemas das pessoas. Nesse sentido, os planos ou programas pastorais devem ter em atenção a vida concretas das pessoas bem como a vertigem das mudanças sócio-culturais que a sociedade vai sofrendo.

Formação dos leigos e pastoral de conjunto ou orgânica foram questões abordadas na intervenção de D. António Marcelino, que deixou o apelo: «Onde está o Espírito Santo, aí está a força, a inovação, a renovação, a mudança e a conversão».

Já a terminar deixou as marcas características do que é, ou deve ser, a vida sacerdotal. Assim, o padre é homem de Deus, configurado com Cristo e comprometido com a salvação de todos. Deve ser próximo, entregue por inteiro à missão e procurando força na vivência da caridade pastoral. Além disso, é homem da Igreja em união afectiva e efectiva com o Bispo e o Presbitério. Deve rejeitar o carreirismo e procurar ser criativo e inovador na acção pastoral conjunta/eclesial.

Leigos definem o padre de hoje

De tarde, realizou-se um painel, moderado pelo padre Querubim Silva, sobre “O que se diz do padre”, e que contou com a presença de Élio Maia, presidente da Câmara de Aveiro, Ivan Dias, director executivo do “Diário de Aveiro”, Ondina Matos, enfermeira e jovem do Secretariado Diocesano de Pastoral Juvenil e Vocacional, e Irmã Helena Maria, da Congregação do Amor de Deus.

O dia encerrou com a celebração da Eucaristia com Vésperas, seguindo-se o jantar.


Diác. José António Carneiro
foto: Pe. Júlio Grangeia
mais fotos aqui

sábado, 6 de fevereiro de 2010

D. António Francisco à Renascença

Arciprestado de Águeda empenhado na Pastoral Juvenil














A reunião da Pastoral Juvenil Arciprestal que decorreu ontem no Cefas contou com a presença de mais de três dezenas de jovens, animadores juvenis e coordenadores de grupos paroquiais de jovens. Da reunião resultou a proposta de a nível arciprestal se poder realizar uma actividade anual que congregue todos os jovens deste que é o maior arciprestado de Aveiro.

Com a representação de quase a totalidade das paróquias – não marcou presença Barrô, Segadães, Lamas, Aguada de Baixo e Préstimo (Agadão e Belazaima não têm grupos de jovens) – o encontro serviu para “unir pontas soltas” e para uma consciencialização daquilo que deve ser uma pastoral juvenil arciprestal.

Da parte dos presentes sentiu-se o desejo de fazer alguma coisa, a nível arciprestal, mas nada que ponha em causa a dinâmica de caminhada que os grupos paroquiais vão tendo já.

Deste modo, o Pe. José Carlos – ausente em Fátima – e o diácono José António vão agora escolher uma equipa coordenadora arciprestal que ficará incumbida da missão de agendar alguma actividade para todo o arciprestado e de a comunicar às paróquias.

Foi um serão produtivo. Falamos de muitas coisas, pensamos algumas, deixamos inquietações e desafios. Ficou no ar, contudo, a ideia de que a pastoral juvenil arciprestal não tem soluções para nada, mas pode ajudar a encontrar novos caminhos. Os caminhos de Deus entre os homens, ou o dos homens para Deus.


Agradecemos as fotos da Helena Nogueira

Brevemente mais novidades sobre a pastoral juvenil arciprestal.
Aos presentes não esqueçam de enviar as vossas actividades…

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Clero de Águeda reuniu para preparar Quaresma/Páscoa

O Clero de Águeda reuniu ontem, dia 4 de Fevereiro, no Centro Social de Recardães para debater e preparar os tempos litúrgicos da Quaresma e da Páscoa que se aproximam a passos largos. Algumas questões da vida diocesana e arciprestal foram também faladas, para além do compromisso de publicitar o Programa “Águeda Solidária”, que arrancou em Outubro passado e não está a ter a necessária repercussão nas pessoas a que se destina.
Sobre a caminhada da Quaresma/Páscoa 2010 foi abordada a questão dos sinais exteriores que podem ser usados, particularmente um estandarte, à imagem do utilizado no Natal, mas este com a imagem de Cristo Ressuscitado.
Foram apontados ainda assuntos ligados à vida diocesana e arciprestal, especialmente o Dia da Igreja Diocesana e o Dia Arciprestal do Corpo de Deus e a semana de formação para o Clero, a decorrer de 8 a 12 de Fevereiro, em Albergaria.
Houve ainda tempo para receber um pedido dos promotores do programa “Águeda Solidária” que, segundo Janine Oliveira, precisa de credibilização junto das pessoas do Concelho. Este programa, que visa apoiar pessoas com mais de 65 anos ou com deficiência e que estão em situações de solidão e isolamento, não está a ter a devida repercussão, tendo de Outubro até agora recebido apenas oito inscrições. Cada pároco encarregar-se-á de fazer a devida publicitação junto das suas comunidades paroquiais.
O encontro começou como habitualmente com a oração da Liturgia das Horas e com a leitura do Evangelho do Domingo V do Tempo Comum, seguindo-se partilha individual.
A próxima reunião ficou agendada para 4 de Março, à mesma hora e no mesmo local.

Convívio de Carnaval em Agadão

No dia 14 de Fevereiro decorre o 5º Convívio de Carnaval em Agadão. Às 11.30 horas tem lugar a Eucaristia na Igreja Matriz. Pelas 12.30 horas começa o almoço-convívio na secção dos Bombeiros de Agadão. Não vai faltar animação com as crianças e adolescentes de Catequese. Todos estão convidados a participar

Ultreia Arciprestal de Cursilhistas

Quinta-feira, dia 11 de Fevereiro, às 21.30 horas, no Centro paroquial de Aguada de Cima realiza-se uma Ultreia Arciprestal de Cursilhistas. Todos os Cursilhistas estão convidados a participar.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

TRADIÇÃO JAVISTA DO RELATO DA CRIAÇÃO




É a narração histórica mais antiga (século X-IX a.C.) em que vêm narrados os factos fundamentais do povo judeu, desde a criação do homem (Gn 2,4b+) até ao momento em que os judeus chegam a Moab vindos do Egipto (Num 25).
É uma história em que Deus aparece bondoso, misturado com o homem (antropomorfismo) e se apresenta sempre disposto a salvar o homem decaído.
É uma história colorida, estilisticamente bela, cujo autor pretende pôr em relevo os progressos contínuos da tribo de Judá. “Não trata rigorosamente da criação, nem chega a descrever a origem do mundo” (J. L. MACKENZIE). Além de não descrever como se deu a origem do mundo também não dá uma explicação tão pormenorizada sobre a criação como acontece no texto sacerdotal. Esta tradição está ligada à época da realeza de Judá. Tenta responder aos problemas fundamentais da existência humana: sofrimento, morte, mal, pecado, criação, etc.
“O estilo é mais vivo e concreto; a apresentação de Deus é mais antropomórfica; a perspectiva é terrena e humana mais que cósmica e divina” (E. A. MALY).
É característico da fonte javista ser antropomórfica, imaginativa, folclórica, colorida, ingénua, plástica e descritiva nos detalhes mínimos (M. G. CORDERO).
O relato da criação na tradição javista consta de “uma narrativa da criação do homem, distinta da criação do mundo e que só se completa com a criação da mulher e o aparecimento do primeiro casal humano” (Bíblia de Jerusalém).
Aquilo que o autor sacerdotal descreve em dez majestosos versículos, é descrito pelo autor javista num pequeno versículo. O interesse do autor centra-se na terra já criada.
“No tempo em que Iahweh Deus fez a terra e o céu” (Gn 2,4b). “Do ponto de vista estilístico, as palavras iniciais podem comparar-se com a primeira linha do Enuma Elish” (E. A. MALY).
A tradição ou fonte donde este relato foi retirado é chamada javista por utilizar o nome de Javé ou Iahweh no composto divino “Iahweh-Elohím”, que geralmente é traduzido por “Senhor-Deus”. “A fusão de Yahvé Elohím deve atribuir-se ao redactor final” (E. A. MALY). O significado de Elohím é Deus, traduzido pelos Setenta, que é o nome comum para designar a divindade. Iahweh é um específico dos hebreus que apareceu a partir da revelação feita a Moisés no Sinai. O nome Iahweh só foi revelado no monte Sinai, a Moisés. Portanto ainda não poderia ser utilizado neste tempo. Aqui deparamos com o uso anacrónico do nome de Iahweh.
“O duplo nome divino põe aos especialistas um problema que está ainda por resolver. Terá tido o historiador diante dos olhos duas tradições, uma das quais usava desde o princípio o nome de ‘Yavé’ (...), enquanto que a outra teria es¬perado para o fazer, a inauguração do culto de ‘Yavé’ por parte de Enós, filho de Set (...)? Isto leva a pensar em duas fontes reunidas com muita habilidade pelo historiador ‘javista’” (GRELOT). O hagiógrafo põe ambos os nomes justapostos para mostrar que Iahweh é o mesmo que Elohím, do relato da criação.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Reunião do Clero

O Clero do Arciprestado reúne esta quinta-feira, a
partir das 10h00, no Centro Social de Recardães.

AS TRADIÇÕES DOS RELATOS DA CRIAÇÃO



Faz-se agora a análise geral dos dois relatos da criação. “A Bíblia contém dois relatos da criação no início do Génsis, embora o termo ‘criação’ não se adapte bem ao segundo relato” (J. L. MACKENZIE).

A. Tradição Sacerdotal

O primeiro relato (Gn 1,1 - 2,4a) é um texto sacerdotal, isto é, da tradição sacerdotal. Quando o autor sacerdotal escreve esta narração sobre as origens do mundo, o povo hebreu estava no cativeiro da Babilónia (entre os anos 587 e 538) (P. GRELOT), “onde se adora o deus Marduk; está ali continuamente em contacto com todos os mitos Mesopotâmicos que narram principalmente como os deuses criaram o mundo. Em reacção a estes mitos, para suster na fé os seus irmãos e também para preparar a restauração depois da libertação esperada, um autor inspirado escreve a primeira narrativa da criação (Gn 1,1 - 2,4a). Ele conhece muito bem o documento javista. Contenta-se em invocar liturgicamente o acto criador de Deus e a organização do mundo no qual o homem tem de viver. A sua narração, cheia de hieratismo dum texto litúrgico, pode ter desempenhado na liturgia de Israel um papel, paralelo ao que desempenhava o mito babilónico da criação no culto de Marduk, nas festas do Ano Novo” (P. GRELOT).
“Esta narrativa, atribuída à fonte sacerdotal, mais abstracta e mais teológica que a seguinte (Gn 2,4b-25), quer dar uma classificação lógica e exaustiva dos seres criados, seguindo o plano de uma semana e terminando com o repouso sabático. Os seres vêm à existência segundo o chamado de Deus, segundo uma ordem crescente de dignidade, até ao homem, imagem de deus e rei da criação” (Bíblia de Jerusalém).
Pode-se dividir esta fonte como dividiu S. Tomás de Aquino em quatro partes lógicas: 1. é a obra da criação inicial (Gn 1,1-2); 2. é a obra da distinção (Gn 1,3-10); 3. é a obra da ornamentação (Gn 1,11-31); 4. é a obra da conclusão e consagração do sétimo dia (Gn 2,1-4a).
“Obra dos ambientes sacerdotais provenientes de Jerusalém, profundamente marcados pela situação do exílio, este documento retoma também as antigas tradições, para lhes dar uma interpretação e encontrar nelas a luz para as situações difíceis” (J. BRIEND).

B. Tradição Javista

O segundo relato da criação (Gn 2,4b-25) é um texto javista, isto é, da tradição javista. Este relato, que é do século X-VIII a.C., é anterior ao relato sacerdotal. Ele “foi escrito na segunda metade do século X, durante o reinado de Salomão. Apoia-se sobre tradições orais ou sobre textos já escritos. Esta obra composta no reino de Judá reflecte, de certa maneira, os ideais da corte de Jerusalém” (J. BRIEND).
Este relato (javista) não descreve como se deu a origem do mundo e não dá uma explicação tão pormenorizada sobre a criação. “Ele não concebe o mundo como um abismo primitivo, mas sim como deserto. E a criação parece-se realizar através da irrigação do deserto pela água que Deus manda para a terra” (. L. MACKENZIE).
O estilo deste autor é um estilo muito diferente do autor sacerdotal. “Ao contrário do sacerdotal, intelectual e teológico, o javista não lança o seu olhar para o espaço cósmico, mas para o seu campo de trabalho, o ‘mundo’ pequeno da sua terra, donde arranca, dia a dia, o seu sustento, com suor e lágrimas. É uma visão do mundo mais utilitarista e prática” . Por isso, se não podemos pedir rigor científico à tradição sacerdotal porque é mais intelectual e teológica que a javista, não podemos de maneira nenhuma pedir rigor científico a esta, porque nasceu no povo, no meio de agricultores e pastores.

Direito a morrer debatido em Aveiro

“Existe o direito a morrer?” é o tema da primeira palestra deste ciclo, pelo professor Daniel Serrão, que se realiza amanhã, 3 de Fevereiro pelas 21h00, no auditório do Centro Universitário Fé e Cultura, CUFC.

Este conjunto de palestras será realizado por várias personalidades de renome na cena nacional ou internacional e nasce de uma parceria entre o Instituto Superior de Ciências Religiosas de Aveiro (ISCRA) e o CUFC.

São “Tertúlias à Quarta” pois serão realizadas na primeira Quarta-feira de cada mês.

Todas as tertúlias serão transmitidas no canal de TV Online da Diocese de Aveiro (http://www.diocese-aveiro.pt/tvonline.asp) e posteriormente ficarão acessíveis no canal no Youtube da Diocese de Aveiro (http://www.youtube.com/dioceseaveiro).