quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Fraternidade presbiteral é difícil, possível e fundamental





Os trabalhos da tarde de quinta-feira da formação do Clero de Aveiro procuraram responder à questão “Será possível uma fraternidade presbiteral?”. Depois de explanar a questão da fraternidade e da unidade, e também dos seus contrários, Pe. Emilio Magaña, da Pontifícia Universidade Gregoriana respondeu positivamente: “Sim é possível a fraternidade sacerdotal, mas esta requer a graça de Deus, a nossa oração, o nosso esforço e muito trabalho”.
O jesuíta começou por assegurar que a formação humana dos sacerdotes é importante em relação aos destinatários do ministério e que aquela deve ajudar a “plasmar a personalidade de modo a não ser obstáculo a que os demais encontrem Jesus Cristo”.
Para o docente da Pontifícia Universidade Gregoriana “uma personalidade desequilibrada é obstáculo à evangelização”. Daí que seja fundamental buscar a maturidade da personalidade, que seja equilibrada, livre, forte e capaz das responsabilidades pastorais.
Baseado na exortação “Pastores dabo vobis” assentiu que “o sacerdote deve ser afável, acolhedor, sincero, prudente, discreto, generoso, disponível, capaz de suscitar relação, compreensivo, homem de perdão e consolador”.
E afirmou: “Não podemos ser construtores de comunidades se nós próprios não somos exemplo de unidade entre nós”. Neste sentido, colocou o presbitério como lugar de referência onde se vive o ministério sacerdotal e diaconal em unidade com os irmãos.
Para o orador “a vida fraterna sacerdotal mede-se pela capacidade de relação com os outros serena e confiadamente”. Assim sendo, o presbitério deve ser o lugar onde o sacerdote se realiza e se sente feliz e incorporado não apenas pelo vínculo da incardinação.
A cada sacerdote é, contudo, pedido que se reconheça como é, com limites e falhas, mas também com virtudes, dons e capacidades. Além disso, deve viver o momento presente como se fosse o último e, por fim, descobrir no que se faz a vivênvia da vocação.
Depois de ter apontado a empatia e a auto-estima como virtudes fundamentais da vida sacerdotal, elencou, ao invés, uma série de atitudes ou formas de ser sacerdotais que em nada beneficiam a construção da fraternidade presbiteral. Aqui falou dos padres que se digladiam abertamente e que não se falam e evitam-se. Referiu aqueles que se auto-elegem os vigilantes da ortodoxia da diocese e ainda dos que sabem tudo sobre todos e conhecem sempre as últimas notícias sobre os outros sacerdotes. Apontou também aqueles que se auto-determinam juízes e que têm opinião sobre tudo. Sacerdotes especialistas em negativismo, violentos, falsos e hipócritas foram outras formas de ser referenciadas por Emilio Magaña para quem com este tipo de pessoas não é possível formar qualquer tipo de comunidade e presbitério.
O docente mexicano não passou ao lado de algumas patologias nas quais os sacerdotes podem cair: narcisismo, ira e nervosismo e aborrecimento. Estas formas de viver o ministério sacerdotal, segundo o orador, mais cedo ou mais tarde, conduzirão à depressão e à frustração da pessoa.
O último ponto da comunicação foi dedicado ao Magistério da Igreja particularmente naquilo que ele diz sobre a fraternidade sacerdotal. “Lumen Gentium” e “Presbyterorum Ordinis” foram os dois documentos base que serviram à reflexão do jesuíta. Antes de terminar deixou quatro pontos imprescindíveis para se poder criar comunhão: aceitação dos outros: respeito, compreensão e estima; sentir com o presbiterado e, finalmente, trato próximo e cordial.

Diácono José António Carneiro

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